Tratamentos psicológicos para tratar a procrastinação
A vida estudantil e suas demandas sobre a rotina, afetos e cognição das pessoas costuma ser o foco de pesquisas sobre a procrastinação. Adiamento, evitação, medo e insegurança são alguns dos comportamentos e sentimentos ligados à procrastinação. Tratar a procrastinação pode ser complexo, já que ela se relaciona com tantas de nossas dimensões. Mas há algumas opções de tratamento disponíveis que veremos a seguir.
A vida estudantil e suas demandas sobre a rotina, afetos e cognição das pessoas costuma ser o foco de pesquisas sobre a procrastinação. Adiamento, evitação, medo e insegurança são alguns dos comportamentos e sentimentos ligados à procrastinação. Tratar a procrastinação pode ser complexo, já que ela se relaciona com tantas de nossas dimensões. Mas há algumas opções de tratamento disponíveis que veremos a seguir.
O comportamento procrastinatório é considerado relativamente difícil de ser modificado porque fornece um conforto temporário em um mundo que pode ser visto ameaçador por conta de demandas e deveres alheios a nossa vontade e que nos são impostos socialmente.
A procrastinação é utilizada, geralmente, como estratégia de enfrentamento diante de tarefas aversivas.
A pessoa pode se sentir insegura com a própria capacidade de fazer as coisas corretamente, ou pode atrasar tarefas porque não querem ter de realizá-las; há ainda aquelas pessoas que procrastinam porque não são organizadas e simplesmente não sabem por onde começar.
Além disso, a procrastinação pode ter relação com estilos parentais rígidos e controladores na medida em que expectativas elevadas e críticas dos pais têm sido associadas, na literatura, a uma forma de perfeccionismo que está positivamente associada à procrastinação.
A procrastinação também pode ser sintoma de depressão ou outros transtorno psicológicos que precisam de atenção especializada.
Procrastinação como vencer
Psicoterapia psicodinâmica e terapia cognitiva comportamental são duas das vertentes da psicologia mais utilizadas para vencer a procrastinação.
Ambas oferecem resultados positivos e são recomendadas através de profissionais qualificados como os(as) que você encontra em nossa clínica.
A psicoterapia psicodinâmica é fundamentada na mecânica e organização interna da psique humana, sendo a psicanálise seu exemplo mais conhecido. Mas também temos a logoterapia, a gestalt-terapia, a abordagem Junguiana entre outras que vão trabalhar as questões individuais através do vínculo entre terapeuta e paciente no ambiente seguro da clínica com a possibilidade de tarefas fora das paredes do consultório.
A terapia cognitiva comportamental visa a adaptação pessoal ao ambiente enquanto se mantém o equilíbrio individual promovendo bem estar. Cognição e comportamento são analisados para promover maior estabilidade.
Dado que a terapia cognitiva comportamental é a abordagem com mais referências na literatura especializada e tem tido resultados promissores vamos focar nesta linha e suas diferentes técnicas.
Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) para procrastinação
Muitas pesquisas têm sido realizadas acerca da procrastinação e sua possível terapêutica, em especial baseadas na terapia cognitiva comportamental (TCC).
A TCC trabalha para modificar crenças, pensamentos e comportamentos mal adaptados para outros que promovam maior adaptação e bem estar.
Alguns estudos apresentaram evidências eficácia limitada da TCC tradicional para o tratamento da procrastinação, já que esta prioriza o papel das crenças negativas sobre si mesmo na manutenção da procrastinação, dando, assim, menor ênfase às crenças que podem afetar e controlar o processamento cognitivo de procrastinadores (as metacognições).
Porém, outras abordagens dentro da própria TCC vêm alcançando sucesso no tratamento da procrastinação.
Alguns pesquisadores se debruçaram sobre a importância da auto conscientização sobre o papel da procrastinação, outros focaram o papel de crenças metacognitivas (informações que as pessoas mantêm sobre suas cognições e sobre as estratégias de enfrentamento para lidar com elas) na manutenção de crenças positivas ou negativas acerca da procrastinação enquanto outros autores estudaram a preocupação e o perfeccionismo como preditores de procrastinação.
Autoconsciência
Uma das abordagens visa a promoção da consciência sobre si, englobando a procrastinação, e de substituí-la por engajamento na tarefa por meio da identificação e da modificação de crenças procrastinatórias irracionais e, principalmente, de tolerar o desconforto de curto prazo a fim de obter ganhos de longo prazo.
Neste trabalho pode ir se introduzindo pequenas experiências com as tarefas que normalmente ativam a procrastinação em consultório e fora dele.
Coaching
Uma das opções terapêuticas que utiliza a TCC é a perspectiva do coaching, treinamento para desenvolvimento profissional, sendo muitas vezes considerado mais inovador, haja vista a grande vinculação entre procrastinação e questões acadêmicas, em especial às dificuldades de jovens em se adaptar aos deveres do ambiente universitário, e outros domínios da vida adulta.
Procrastinação e autosabotagem
As investigações sobre crenças metacognitivas (informações que mantemos sobre nossas cognições, percepções e pensamentos, e sobre as estratégias de enfrentamento para lidar com elas), descobriram que metacognições positivas ("adiar tarefas permite fazê-las depois com mais criatividade") e negativas ("adiar tarefas produz sentimentos ruins o tempo todo") estão relacionadas à procrastinação e têm como meta regular cognições e afetos negativos.
Tais crenças influenciam a manutenção da procrastinação e podem ser trabalhadas para agirem a favor da pessoa que sofre para realizar tarefas nos seu dia a dia. A modificação de crenças mal adaptadas pode ser alcançada através de um trabalho de conscientização e desafio de tais crenças, materializadas em experiências concretas que envolvem as tarefas consideradas aversivas.
Perfeccionismo como gatilho para procrastinação
A procrastinação e o perfeccionismo relacionam-se a quanto uma pessoa se preocupa (independentemente de como ela se sente, ansiosa ou deprimida, sobre a sua preocupação). Logo, a preocupação da perfeccionista sobre erros e dúvidas pode ser responsável pela procrastinação.
Além disso, a preocupação com a realização da tarefa pode se relacionar com expectativas e críticas dos pais, corroborando descobertas da literatura mais ampla sobre a procrastinação.
Na TCC alguns pesquisadores também interessaram pelo papel da metacognição (campo de estudos relacionado à consciência e ao automonitoramento do ato cognitivo), que contribui para a procrastinação independentemente das emoções negativas (ansiedade e depressão).
Dentre as metacognições pesquisadas, cabe destacar crenças sobre confiança cognitiva e crenças positivas sobre preocupação: quanto mais uma pessoa confia nas próprias cognições e se preocupa com uma decisão, considerando que a preocupação ajuda a enfrentar dificuldades, mais ela tende a procrastinar.
Atenção plena (mindfulness)
Outra abordagem terapêutica da TCC é proposta a partir do estudo das associações entre procrastinação, atenção plena (mindfulness) e bem-estar.
Baseados em estudos correlacionais recentes, que apontam que pouca atenção plena pode ser um fator de risco para baixo bem-estar físico e emocional para procrastinadores, alguns autores propõem que abordagens que incidem sobre a aceitação de estados e pensamentos desagradáveis podem ser benéficas para reduzir o estresse relacionado à procrastinação.
A TCC baseada em atenção plena (mindfulness) em particular é conhecida por promover uma maior consciência dos pensamentos e dos sentimentos difíceis, reduzir o estresse, aumentar a persistência em tarefas e melhorar a saúde.
Terapia do esquema
Outras abordagens em TCC também podem ser úteis tanto para auxiliar a formulação do caso como para o tratamento em si dos procrastinadores, como a terapia do esquema, proposta por Jeffrey Young..
Inicialmente é preciso entender qual esquema desadaptativo está associado à procrastinação para ajudar a visualizar os funcionamentos cognitivo, emocional e comportamental da pessoa.
Em seguida, o tratamento baseado em esquemas pode ser útil por agregar técnicas experienciais e interpessoais às cognitivo-comportamentais, enfatizando uma confrontação mais ativa de padrões rígidos de funcionamento.
Conclusão
A psicologia oferece inúmeros recursos para que você lidar com a procrastinação e seus efeitos no cotidiano. Adiar tarefas e/ou viver inseguro(a) sobre si enquanto parte de uma sociedade complexa pode ser muito limitador. A procrastinação tem tratamento e sem ela seu horizonte se amplia. Entre em contato conosco e comece já a viver mais plenamente.
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Referência
BRITO, Fernanda de Souza; BAKOS, Daniela Di Giorgio Schneider. Procrastinação e terapia cognitivo-comportamental: uma revisão integrativa. Rev. bras.ter. cogn., Rio de Janeiro , v. 9,n. 1,p. 34-41,jun. 2013 .