No momento do surto a pessoa pode sentir como se a realidade se cindisse e colapsasse sobre si.

No momento do surto a pessoa pode sentir como se a realidade se cindisse e colapsasse sobre si. Há uma falta em si e/ou no mundo que é inexplicável e o surto psicótico pode ser entendido como a erupção dessa realização enquanto uma maneira de tentar se reorganizar internamente, assim também reordenando as percepções e sentidos sobre o mundo externo.

Alucinações, ideias delirantes e outros sintomas são ferramentas que a pessoa utiliza para estar num mundo que faça sentido a partir da sua nova realidade interior.

Uma psicóloga, um trabalho psicoterápico, pode ser crucial na criação de novos sentidos e de reorganização interna.

O comportamento que parece errático, “louco”, pode carregar consigo a semente da libertação pessoal, da cura.

Para desvendar esse código único que a pessoa que vivenciou, ou vivencia, um surto psicótico é preciso o uso de técnicas específicas.

A terapia cognitivo comportamental tem suas ferramentas para explorar e reordenar significados e significantes da realidade individual da pessoa psicótica. Lidando com o pressuposto de que pensamentos e crenças internos influenciam comportamentos externos, o(a) psicoterapeuta vai trabalhar para modificar o relacionamento de ideias interiores e suas manifestações externas de modo que se tornem mais benéficos e saudáveis para que passou, ou passa pelo surto psicótico.

Outra abordagem muito utilizada por psicólogas é a psicanalítica- e suas derivações, chamadas de psicodinâmicas. Na visão psicanalítica há uma cisão na organização interna da pessoa que a obriga a ocupar um espaço repentinamente vago no seu âmago com delírios e outras construções. A partir daí a psicanalista, ou psicoterapeuta vai desvelando uma história individual através de fraturas percebidas em consultório para costurar junto a pessoa que surtou um novo sentido para si e a vida.

Marisa de Abreu

Psicóloga

CRP 06/29493

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LEADER, Darian. What is madness?. Penguin UK, 2011.