Ingênuo
“Sou ingênuo”. Esta é uma frase comum nos consultórios de psicoterapia. Normalmente o psicólogo logo se prontifica para entender o que significa “ser ingênuo” para esta pessoa.
Para alguns significa se fazer de “bobo” e não perceber a maldade alheia, para outros significa ter pouco conhecimento em alguma área ou em relacionamentos, para outros a palavra ingênuo remete à tendência em falar o que pensa sem perceber se irá machucar alguém ou prejudicar a si mesmo.
O dicionário Michaelis diz: Inocente, natural. Em que não há artifício ou malícia. Simples. Pessoa sincera. Eu acredito que cada um traduz o seu sofrimento em “ser ingênuo” conforme experiências mal sucedidas com pessoas que não lidaram de forma natural, ou até mesmo honesta, com sua incapacidade em apresentar auto defesa ou talvez auto estima.
Ser ingênuo não seria uma característica negativa mas, eventualmente pode haver pessoas que tentariam tirar proveito. Por exemplo, alguns se consideram ingênuos por terem falado demais sobre assuntos que ficariam melhores caso não fossem ventilados para pessoas não envolvidas. Pode ter sido um deslize se abrir sobre certos assuntos com pessoas, ou em momentos, não adequadas pois não sabemos ao certo como estas pessoas usarão a informação. Outras pessoas se consideram ingênuas por terem ajudado alguém que não soube retribuir, outros se percebem ingênuos quando não identificam as intenções das pessoas com quem se relaciona.
Às vezes certas posturas podem ser claras para a maioria das pessoas, mas a pessoa ingênua pode não perceber que, por exemplo, aquela pessoa não deseja um relacionamento sério, que sua chefia não pretende lhe promover, que aquela pessoa não deseja sua amizade, que o outro não irá lhe atender, etc.
Pode ser que dentre todas as fragilidades da ingenuidade a tendência a possuir um olhar positivo em relação às outras pessoas seja o que traz mais inseguranças. Não ver maldades nas pessoas pode até trazer alguma sensação de bem estar interna, mas é possível que esta sensação seja interrompida quando a surpresa da má intenção ou quando os comportamentos positivos esperados não aparecem.
Contar com quem não corresponde
Muitas vezes o ingênuo não é surpreendido pela maldade alheia, mas pode se decepcionar por esperar mais das pessoas do que elas estariam prontas, ou dispostas, a oferecer. Contar com quem não corresponde pode trazer alguma frustração mas, acredito, que seja o tipo de situação nas quais podemos tirar algumas lições para compreendermos melhor as pessoas ao nosso redor. Talvez esperar demais, ou esperar algo de alguém que simplesmente não teria condições de oferecer pode nos mostrar que podemos aprimorar nossa empatia e passar a compreender as limitações alheias.
Ingênuo ou imaturo?
É possível relacionar ingenuidade com imaturidade. Talvez a ingenuidade faça parte da infância, pois a criança ainda não desenvolveu certos filtros e ainda tem o foco muito voltado para si mesmo, aos poucos a criança vai aprendendo a “ler” os sentimentos das pessoas e pode até passar a usar estes conhecimentos para conseguir o que quer, deixando assim sua ingenuidade de lado nestes momentos.
Ingenuidade e a dificuldade em identificar consequências
Eu percebo que muitas vezes a ingenuidade está muito relacionada com falta de avaliação de consequências. Talvez a pessoa tenha dificuldade em identificar consequências devido à alguma incapacidade cognitiva, ou talvez tenha vivido situações nas quais este aprendizado não tenha sido facilitado ou tenha recebido uma educação com alguma proteção de forma a não elaborar consequências em futuro próximo ou distante.
Talvez seja menos desgastante simplesmente “viver”, fazer e falar o que deseja sem parar e imaginar o que isto acarretaria, mas calculo que ao termos este pequeno “trabalho” poderíamos ser mais confiantes pois teríamos um pouco mais de informação quanto ao que poderia vir a seguir.
Ingênuo o tempo todo e com todos?
Creio que na maioria das vezes as pessoas não são ingênuas o tempo todo e com todas as pessoas, mas tentar identificar diante de quem ou do que temos mais comportamentos ingênuos seria um estudo bem interessante. Com esta análise, talvez, possamos identificar quais seriam os fatores que nos tornam frágeis.
Tratamento
A pessoa que deseja se conhecer melhor, identificar se o que ela chama de ingenuidade seria mesmo o que a acomete, estudar a si mesma e quem sabe desenvolver formas de mudança pode contar com o psicólogo e o processo de psicoterapia.
Agende sua consulta >> Ligue no (11) 3262-0621 ou clique aqui