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Fases do Luto: Como lidar com a perda?

As fases do luto são parte de uma estratégia de apoio utilizada por psicólogos para ajudar enlutados a seguir adiante. Conheça mais sobre o processo de luto em nosso texto.

A perda de uma pessoa próxima sempre nos traz dor. A tristeza pela distância insuperável e pela impossibilidade de transformar expectativas do relacionamento em realidade pode alimentar um vazio em nós.

Atualmente a pandemia de Covid-19 nos aproximou ainda mais da fragilidade imposta pela nossa mortalidade, seja através de pessoas queridas que se foram ou pelo nosso próprio adoecimento.

Há muitas maneiras de lidar com a perda de alguém e muitos teóricos propõem fases do luto para entendermos os momentos através dos quais aprendemos a viver sem o outro, ou apesar da sua ausência. 

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As fases do luto

O luto é entendido como um processo, e ele tem sido visto de várias formas por diferentes teóricos - essencialmente em estágios, fases e tarefas, com características dinâmicas que tem seu ápice quando a pessoa enlutada consegue seguir com a própria vida.

Estágios do luto

Uma forma de entender o processo do luto é olhá-lo em termos de estágios. Muitos autores escreveram sobre a questão do luto ter, no mínimo, nove estágios e um deles chegou a listar 12.

Uma das dificuldades no uso da abordagem de estágios é que as pessoas não passam por estágios de forma organizada e sequencial.

Muitas pessoas responderam aos estágios da morte, conforme descritos por Elisabeth Kübler-Ross- psiquiatra suíça famosa por seus estudos sobre o luto e cuidados paliativos- de forma literal, esperando a passagem das tais fases do luto.

Após seu primeiro livro, Sobre a Morte e o Morrer (1969), havia a expectativa de muitas pessoas de que quem vivesse o luto, o fizesse através dos estágios designados pela pesquisadora, rigidamente na mesma ordem em que foram listados.

Assim, as fases do luto segundo Elisabeth Kübler-Ross são:

  • Etapa da Negação: o primeiro momento de choque onde se tenta negar o evento da morte do outro
  • Etapa da Raiva: nesse estágio a autora propõe a raiva como reação à perda do outro
  • Etapa da Negociação: aqui a pessoa tenta negociar com as forças da natureza, a própria realidade, ou com o além para trazer a pessoa morta de volta
  • Etapa da Depressão: o outro se foi e não há como evitar o impacto da dor que vem dessa admissão, gerando uma grande tristeza
  • Etapa de Aceitação: apesar da perda o mundo e suas diferentes dimensões seguem fazendo suas exigências e é preciso seguir em frente

Fases do luto

Um enfoque alternativo para os estágios é o con­ceito de fases usado por autores como Parkes, Bowlby e outros.

Para Parkes há quatro fases do processo de luto:

  • A fase I é o período de torpor que ocorre após a morte da pessoa querida.

A maioria dos sobreviventes experimenta essa sensação, que ajuda a negar a realidade da perda, ao menos por um curto período de tempo.

  • Em seguida, a pessoa entra na fase II, a fase do desaparecimento, na qual a pessoa enlutada anseia pelo retorno do falecido e tende a negar as características permanentes perdidas. A raiva desempenha um papel importante nesta fase.
  • A fase III é a fase do luto em que há caos e desespero. As pessoas que perderam entes queridos têm dificuldade em cumprir suas obrigações sociais e profissionais.
  • E finalmente, a pessoa que perdeu um ente querido pode entrar na fase IV, o estágio de reorganização, quando o indivíduo pode retomar sua vida.

O trabalho e os interesses de Bowlby são consistentes com Parkes, fortalecendo a teoria das fases e apontam que os enlutados devem passar por uma série de estágios semelhantes para finalmente resolver o luto.

Como acontece com os estágios, há sobreposição entre as diferentes fases que quase nunca são distintas.

Outra psicóloga e pesquisadora da área, Catherine M. Sanders utilizou a ideia das fases para descrever o processo de luto identificando cinco delas: (1) choque; (2) consciência da perda; (3) conservação-retirada; (4) elaboração; e (5) reparação.

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Tarefas do luto

Por outro lado, pensando na dinâmica inerente ao processo de luto, outro pesquisador, James William Worden, pensou no conceito de tarefas do luto ao invés de fases do luto.

Essa abordagem oferece outra compreensão válida do processo do luto e pode ser mais útil para a psicoterapia clínica.

O conceito de tarefa é mais afinado com o conceito de Freud do trabalho do luto e implica dizer que o enlutado deve agir ati­vamente para lidar com o luto e que pode fazer alguma coisa.

Além disso, essa teoria enfatiza a influência externa, ou cultural, que afeta o processo de luto.

Em outras palavras, as pessoas que perderam uma pessoa querida podem ver as fases como algo pelo qual devem passar, e o modelo de tarefa pode dar-lhes alguma sensação de poder e esperança de que possam fazer algo ativamente para se adaptar à morte de seu ente querido.

Claro, ambos os modelos mencionados são válidos, porém a ideia de tarefas necessárias para se processar a perda de alguém parece mais favorável ao apoio psicoterápico.

Em qualquer caso, o luto leva tempo, e como diz o ditado: "o tempo cura" torna-se realidade.

O luto produzirá tarefas que precisam ser concluídas. E embora isso possa parecer aterrador para uma pessoa vivendo a dor de um luto agudo, a ajuda de um psicoterapeuta pode trazer esperança para concluir esse doloroso processo.

Esse apoio pode ser um diferencial importante para a sensação de desamparo experimentada pela maioria dos enlutados.

As tarefas, ou fases do luto propostas por Worden são:

  • Tarefa I: aceitar a realidade da perda. Essa é a primeira e a mais crucial das tarefas, a de se aceitar a perda da pessoa querida.
  • Tarefa II: processar a dor do luto. Aqui a tarefa é lidar com o sofrimento causado pela perda, diretamente influenciada pelo tipo e força do vínculo com o falecido. Além disso, a influência social pode ser um fator complicante na dinâmica dessa fase do luto: com censura sobre expressões da dor ou tempo de luto.
  • Tarefa III: ajustar-se a um mundo sem a pessoa morta. Nesse momento a pessoa deve seguir adiante sem a presença do falecido. Esses ajustes incluem: ajustes externos; ajustes internos e ajustes espirituais (ou valores fundamentais da vida da pessoa, ou “sentido da vida”)
  • Tarefa IV: encontrar conexão duradoura com a pessoa morta em meio ao início de uma nova vida. Worden afirma que, “sabemos que as pessoas não se separam da pessoa que mor­reu, mas sim, encontram formas de desenvolver laços continuados com ela”.

As tarefas não são lineares e as pessoas vão e vem ao lidar com elas, de acordo com suas necessidades.

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Superando as fases do luto

Como vimos, há algumas abordagens quanto às fases do luto pelas quais as pessoas enlutadas transitam para processar a perda de alguém significante em suas vidas.

Esses são modelos que nos ajudam a compreender esse fenômeno e nos aproximam da nossa própria fragilidade.

Se você perdeu alguém ou conhece uma pessoa que vivenciou uma perda importante e precisa de apoio entre em contato conosco e agende uma consulta.

Referência

Worden, J. William. Aconselhamento do Luto e Terapia do Luto: um manual para profissionais da saúde mental. [tradução Adriana Zilberman, Leticia Bertuzzi, Susie Smidt]. São Paulo : Roca, 2013.

Consulte um psicólogo
Marisa de Abreu Alves | Psicóloga CRP 06/29493

*O material deste site é informativo, não substitui a terapia ou psicoterapia oferecida por um psicólogo.