O que é TDAH? Deficit de Atenção com ou sem Hiperatividade?
Você às vezes se pergunta se você ou uma criança que conhece, talvez um(a) filho(a), tem o transtorno de deficit de atenção, o TDAH? Vamos falar um pouco sobre o transtorno e como buscar ajuda se necessário.
Você às vezes se pergunta se você ou uma criança que conhece, talvez um(a) filho(a), tem o transtorno de deficit de atenção, o TDAH? Vamos falar um pouco sobre o transtorno e como buscar ajuda se necessário.
O que é TDAH (Transtorno de Deficit de Atenção/ Hiperatividade)? A resposta convencional a esta pergunta é que sintomas como hiperatividade, desatenção, e impulsividade são causados por disfunções neurológicas ligadas principalmente à genética e anormalidades no desenvolvimento do cérebro.
Dessa maneira, o TDAH é considerado, junto ao autismo, um transtorno do desenvolvimento neurológico.
Tendo em vista essa raiz neurológica, muitas drogas estimulantes como Ritalina e Adderall são utilizadas no tratamento medicamentoso e ajudam a estabelecer o TDAH como transtorno biológico, que afeta a estrutura neurológica.
Tanto a ideia de que existem algumas anomalias ou diferenças cerebrais específicas para os diagnosticados com TDAH, como a de que os medicamentos utilizados têm propriedades específicas que visam lidar com as causas do transtorno, como um desequilíbrio químico, são falsas.
Vamos ver porquê e como a psicologia pode ajudar, sem drogas, a superar imposições causadas pelos chamados sintomas de TDAH.
O que é TDAH para a medicina atual?
Segundo o DSM-5 (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5.ª edição da Associação Americana de Psiquiatria) o TDAH é caracterizado por um padrão de comportamento que existe em pelo menos duas situações (por exemplo, escola e família) e pode levar a problemas de desempenho em ambientes sociais, educacionais ou de trabalho.
Os comportamentos devem persistir por pelo menos 6 meses e podem afetar crianças e adultos, sendo que em adultos basta a presença de 5 dos sintomas listados, enquanto em crianças é preciso a existência de 6 ou mais sintomas.
Os sintomas podem ser divididos em duas categorias: "desatenção", hiperatividade e impulsividade, incluindo comportamentos como atenção aos detalhes, dificuldade em organizar tarefas e atividades, conversa excessiva, agitação ou incapacidade de sentar em uma posição adequada.
De acordo com as últimas definições, os sintomas de TDAH devem estar presentes antes dos 12 anos de idade, (até que as novas definições tenham sido publicadas em 2013, os sintomas tinham de estar presentes antes dos 7 anos de idade).
Uma construção socioeconômica do TDAH
Antes (ou depois) da invenção do diagnóstico de TDAH, as descobertas científicas nunca tiveram qualquer base para mostrar que o que chamamos de TDAH é o resultado de uma anormalidade ou diferença conhecida o suficiente para tratá-la como uma ocorrência natural, como são a pneumonia ou diabetes.
Na Europa e na América do Norte do final do século XIX, uma espécie de crise perceptível estava ocorrendo nas estruturas sociais da época, e as crianças frequentemente estavam no centro dos debates políticos resultantes.
Antes do século XIX, poucas vozes se levantavam contra o trabalho infantil. Para a maioria das crianças, o trabalho era considerado uma condição que lhes ensinaria aritmética, economia, princípios sociais e morais.
Os sintomas de TDAH como patologização da infância
De uma sociedade que entendia a infância como espaço para experimentação, aventura, e exploração inquieta, passamos a observar as crianças com uma lupa de enfermidade: inquietações e comportamentos antes vistos como sadios, ou simplesmente “da idade”, se tornaram sintomas.
Para lidar com este novo mal, o TDAH, passamos a usar drogas que supostamente interfeririam na origem do problema promovendo uma libertação de amarras neurológicas que daí permitiriam às crianças um desenvolvimento “normal”.
Como ocorreu uma mudança tão dramática? Este aumento no número de crianças recebendo diagnósticos como transtorno de deficit de atenção e hiperatividade, autismo e depressão infantil é devido a uma mudança na maneira como pensamos sobre os comportamentos e experiências emocionais das crianças?
O aumento reflete um aumento "real" no comportamento adverso e nas experiências emocionais dos jovens? De qualquer forma, é fundamental para entender uma mudança na maneira como pensamos, e, portanto, lidamos com o que está afetando nossa percepção de comportamentos adversos e a experiência emocional.
Sobretudo, o TDAH envolve questões de um contexto socioeconômico, cultural e político.
As explicações biológicas / genéticas simplistas atuais apresentadas para condições como o TDAH não podem explicar essas mudanças, a menos que aceitemos que houve um distúrbio biológico o tempo todo, mas só recentemente o “descobrimos”.
Se isso fosse verdade, por que ainda não conseguimos localizar o que é essa anormalidade biológica e como encontrá-la em qualquer indivíduo que suspeitamos ter essa condição "biológica"?
Isso também não pode explicar por que foi apenas recentemente (nas últimas décadas) e no norte industrializado que certos comportamentos e experiências emocionais dos jovens passaram a ser vistos como problemáticos, especialmente quando levamos em conta que certos tratamentos (como estimulantes para TDAH) foram “descobertos” e usados pela primeira vez em crianças há mais de 70 anos.
Diagnóstico de TDAH
Como já mencionamos, o diagnóstico de TDAH é polêmico, mas você pode procurar ajuda especializada caso note desatenção, hiperatividade, dificuldade de concentração, manter compromissos ou se organizar de modo geral.
Muitas vezes a ansiedade é um fator importante na criação de um quadro de TDAH, mesmo em crianças.
A alimentação e a presença ou ausência de práticas esportivas podem causar desequilíbrios que afetam a nossa dimensão psíquica, sendo alguns dos fatores a serem observados.
Crianças que consomem alimentos, ou pseudo-alimentos muito açucarados, ou, de modo geral, muito açúcar ou alguma outra substância estimulante em sua dieta podem se mostrar irrequietas, por exemplo.
Um ambiente familiar instável, onde expressões de raiva e violência estão presentes também favorecem sintomas do que se acostumou chamar de TDAH.
Por fim, a ideia do TDAH envolve um contexto amplo que deve ser observado antes de se optar pelo diagnóstico.
Um(a) psicólogo(a) competente saberá lhe orientar caso você se sinta padecendo de TDAH ou se aflija ao pensar que seu filho, sua filha, tenha esse diagnóstico.
Como a psicologia pode ajudar no TDAH?
Caso a hiperatividade e/ou a desatenção, características do TDAH, estejam prejudicando sua rotina, ou a de entes queridos, busque ajuda profissional.
Há tratamentos psicoterápicos, não medicamentosos, para lidar com as causas e manifestações de sintomas relacionados à ansiedade e outros afetos e pensamentos que podem se tornar desafiadores.
Entre em contato conosco e agende uma avaliação para que você tenha a melhor orientação e tratamento.
Marisa de Abreu
Psicóloga
CRP 06/29493
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Referências
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION et al. DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Artmed Editora, 2014.
COHEN, C.; TIMIMI, S. Liberatory psychiatry. Cambridge: Cambridge University Press, 2008.