Como manter a sanidade mental na Quarentena
Usualmente, boa parte dos esforços das autoridades de saúde pública e dos veículos de comunicação durante as epidemias têm envolvido a compreensão dos efeitos físicos e biológicos da doença, revelando pouca, ou quase nenhuma, atenção às questões da saúde mental.¹
Usualmente, boa parte dos esforços das autoridades de saúde pública e dos veículos de comunicação durante as epidemias têm envolvido a compreensão dos efeitos físicos e biológicos da doença, revelando pouca, ou quase nenhuma, atenção às questões da saúde mental.¹
Não se pode minimizar as repercussões psicológicas que o cenário geral da pandemia causa sobre indivíduos em particular, grupos com características de vulnerabilidade específicas e a sociedade como um todo, visto que o impacto na saúde mental, muitas vezes, se torna um fator notavelmente limitante para que o próprio país supere uma crise como a da COVID-19.¹
Estudos têm sugerido que o medo de ser infectado por um vírus potencialmente fatal, de rápida disseminação, cujas origens, natureza e curso ainda são pouco conhecidos, acaba por afetar a sanidade mental de muitas pessoas.²
Sintomas de depressão, ansiedade e estresse diante da pandemia têm sido identificados na população geral e, em particular, nos profissionais da saúde.²
Ademais, casos de suicídio potencialmente ligados aos impactos psicológicos da COVID-19 também já foram reportados em alguns países.²
Em revisão de literatura sobre a quarentena, foi identificado que os efeitos negativos dessa medida incluem sintomas de estresse pós-traumático, confusão e raiva. Preocupações com a escassez de suprimentos e as perdas financeiras também trazem consequências para a sanidade mental na quarentena.²
Ademais, evidências têm revelado que há maior risco de crianças e adolescentes sofrerem violência quando escolas são fechadas por conta de emergências de saúde. Para mães, pais e demais cuidadores, o fato de estarem trabalhando remotamente ou mesmo impossibilitados de trabalhar, sem previsão sobre o tempo de duração dessa situação, tende a gerar estresse e medo, inclusive quanto às condições para subsistência da família, reduzindo a capacidade de tolerância e aumentando o risco de violência contra crianças e adolescentes.²
Nota-se também o maior risco de violência contra mulheres nesse período, em que as vítimas costumam ficar confinadas junto aos autores da violência e, muitas vezes, não conseguem denunciar as agressões sofridas.²
Para manter a sanidade mental na quarentena podemos adotar estratégias para promoção de bem-estar psicológico, a exemplo de medidas para organização da rotina de atividades diárias sob condições seguras:
- cuidado com o sono, prática de atividades físicas e de técnicas de relaxamento;
- fortalecimento das conexões com a rede de apoio social, ainda que os contatos não ocorram face a face, considerando que instituições como escolas, empresas e igrejas costumam estar fechadas, o que pode gerar sentimentos de solidão e vulnerabilidade;
- cuidado com a exposição em excesso a informações, incluindo noticiários na televisão e em outras mídias; e, deve-se salientar, a importância da checagem da veracidade informações.²
Para pessoas que experienciam níveis de sofrimento mais severos relacionados à pandemia, intervenções psicológicas mais intensivas tendem a ser necessárias.
Marisa de Abreu
Psicóloga
CRP 06/29493
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1 FARO, André et al. COVID-19 e saúde mental: a emergência do cuidado. Estudos de Psicologia (Campinas), v. 37, 2020.
2 SCHMIDT, Beatriz et al . Saúde mental e intervenções psicológicas diante da pandemia do novo coronavírus (COVID-19). Estud. psicol. (Campinas), Campinas , v. 37, e200063, 2020 .