A psicoterapia como alternativa no tratamento da anorexia
Ao lidar com transtornos alimentares temos que lembrar que os sintomas visíveis, como a recusa de alimento na anorexia, são manifestações de questões mais profundas e que não tem, necessariamente, uma base racional.
O enfrentamento da anorexia também se faz via emocional, pela afetividade. E um instrumento neste enfrentamento é a psicoterapia.
Há diversas teorias e técnicas psicoterapêuticas e dentre elas algumas com maior destaque, por sua eficácia ao lidar com determinado quadro de sintomas. Quando falamos de tratamento psicológico para anorexia temos de destacar as seguintes abordagens: a terapia cognitivo-comportamental (TCC); a psicodinâmica; e a cognitivo construtivista.
Na TCC o foco é o sistema de crenças da pessoa e sua consequência para sentimentos e comportamentos. A identificação e modificação de tais crenças é crucial e o(a) profissional busca educar o(a) cliente para que possa distinguir pensamentos e percepções que seriam distorcidos por conta de crenças negativas sobre si e/ou sobre o ambiente¹.
A abordagem psicodinâmica está fundamentada nos princípios da teoria psicanalítica, cuja técnica visa elaborar e resolver conflitos intrapsíquicos. A maioria das psicoterapias desenvolvidas no século XX são do tipo psicodinâmico, o que torna difícil a padronização do método. A psicoterapia psicodinâmica tem sido recomendada quando os tratamentos mais breves são ineficazes².
Em uma concepção cognitivo construtivista, a exploração e a mudança psicológica acontecem, em primeiro lugar, por meio de um processo dialético de novas sínteses ou de exploração ativa das contradições entre o conceito e a experiência para a construção de um novo significado global³.
O trabalho com pacientes com sintomas de anorexia e bulimia nesta concepção visa, desde o princípio, criar intervenções focadas na vida emocional e não nas crenças irracionais das pacientes, pois as técnicas se baseiam na utilização da identificação dos diferentes padrões emocionais e suas correlações nas respostas adaptativas e de enfrentamento manifestadas pelas pacientes.
Neste modelo há a compreensão de que os transtornos alimentares são reflexos de sistemas emocionais desordenados nos quais os(as) pacientes se tornam reféns sem ferramentas para mudança.
Esta modalidade de intervenção faz com que os(a)s pacientes progressivamente evitem se esquivar daquilo que sentem e comecem a criar respostas mais adaptativas frente àquilo que estão sentindo conforme as várias técnicas sugeridas pelo modelo teórico construtivista³.
Uma das perguntas frequentemente abordadas na literatura em relação aos(às) pacientes anoréxicos(as) é porque se torna tão difícil mobilizá-los(as) para a mudança pessoal.
De modo geral, o objetivo de qualquer terapia é o reestabelecimento da saúde e bem-estar da pessoa, o que significa, no caso daquela que sofre com os sintomas da anorexia, o ganho de peso.
Porém, tal “ganho” pode representar uma perda para a pessoa anoréxica. Deste modo, é essencial o apoio de um(a) profissional habilitado(a) para lidar com as dimensões invisíveis do ser humano durante o confronto com a anorexia¹.
Marisa de Abreu Alves
Psicóloga
CRP 06/29493
Agende sua consulta >> Ligue no (11) 3262-0621 ou clique aqui
1 SILVA, B. L.; ALVES, C. M. Anorexia nervosa e bulimia nervosa: diagnóstico e tratamento em uma visão multiprofissional. Revista Mineira de Ciências da Saúde, Patos de Minas, UNIPAM, v. 3, n. 1‐17, 2011.
2 GORGATI, S.B., HOLCBERG, A.S., OLIVEIRA, M.D. Abordagem psicodinâmica no tratamento dos transtornos alimentares. Rev Bras Psiquiatr 2002; 24 Suppl 1:44-8.
3 NABUCO DE ABREU, Cristiano; CANGELLI FILHO, Raphael. Anorexia nervosa e bulimia nervosa: a abordagem cognitivo-construtivista de psicoterapia. Psicologia: teoria e prática, v. 7, n. 1, 2005.