A anorexia nervosa pode ser definida como uma recusa sistemática em manter o peso no mínimo normal adequado à idade e altura, acompanhada de uma perturbação no modo como o indivíduo vivência seu peso e sua forma física¹.

Num trabalho de 2011² médicos, nutricionistas e psicólogos expressaram a opinião de que um tratamento satisfatório para a anorexia nervosa e a bulimia nervosa consiste na presença de uma equipe multiprofissional, num diagnóstico precoce e na aceitação e inclusão da família neste tratamento .

A experiência clínica revela que uma proposta de tratamento focada exclusivamente no sintoma alimentar ou exclusivamente nos conteúdos psicológicos do paciente mostra-se um tratamento parcial e incompleto².

Apesar de não haver evidência de que uma forma específica de psicoterapia seja superior a outra para todos os tipos de paciente, o tratamento psicológico mais recomendado é a terapia cognitivo-comportamental (TCC), por apresentar, em geral, resultados visíveis mais rapidamente e menor índice de recaídas².

Na TCC o foco é o sistema de crenças da pessoa e sua consequência para sentimentos e comportamentos. A identificação e modificação de tais crenças é crucial no tratamento da anorexia e o(a) profissional almeja educar o(a) cliente para que possa distinguir pensamentos e percepções que seriam distorcidos por conta de crenças negativas sobre si e/ou sobre o ambiente.

Outra opção psicoterápica é a abordagem psicodinâmica, que compreende o psiquismo em seus processos dinâmicos, e orienta o trabalho em direção ao insight- que pode ser entendido como um conhecimento repentino e esclarecedor de alguma incógnita, uma questão problemática, sobre si mesmo(a).

A psicodinâmica está fundamentada nos princípios da teoria psicanalítica, cuja técnica visa elaborar e resolver conflitos intrapsíquicos com vistas à reestruturação, reorganização e desenvolvimento da personalidade.

A psicoterapia psicodinâmica tem sido recomendada quando os tratamentos mais breves são ineficazes no tratamento da anorexia.

No espectro holístico, multiprofissional, temos também a terapia farmacológica- guiada por um(a) médico(a). Na intervenção para anorexia as medicações psicotrópicas servem como coadjuvantes dentro do contexto da intervenção multiprofissional e interdisciplinar³.

Na anorexia nervosa, o uso de psicotrópicos tem por objetivo auxiliar na recuperação do estado nutricional e atenuar os sintomas mentais que trazem muito desconforto.

A tendência atual parece caminhar no sentido de contemplar uma proposta de tratamento mais integrada, na qual a recuperação de peso, a melhora de sintomas psiquiátricos e a compreensão de aspectos psicológicos mais profundos têm pesos e importâncias equivalentes na terapêutica da anorexia.

Marisa de Abreu Alves

Psicóloga

CRP 06/29493

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1 GORGATI, S.B., HOLCBERG, A.S., OLIVEIRA, M.D. Abordagem psicodinâmica no tratamento dos transtornos alimentares. Rev Bras Psiquiatr 2002; 24 Suppl 1:44-8.

2 SILVA, B. L.; ALVES, C. M. Anorexia nervosa e bulimia nervosa: diagnóstico e tratamento em uma visão multiprofissional. Revista Mineira de Ciências da Saúde, Patos de Minas, UNIPAM, v. 3, n. 1‐17, 2011.

3 CABRERA, Catalina Camas. ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO INTERDISCIPLINAR NO CUIDADO COM O PACIENTE COM TRANSTORNO ALIMENTAR: O TRATAMENTO FARMACOLÓGICO. Medicina (Ribeirao Preto. Online), Ribeirão Preto, v. 39, n. 3, p. 375-380, sep. 2006. ISSN 2176-7262.